Ricardo Coentre, médico psiquiatra do Hospital Lusíadas de Lisboa, explica como detetar os sintomas e apoiar quem tem a Doença de Alzheimer, uma patologia neuro degenerativa de causa incerta que se manifesta, principalmente, numa idade avançada.
A Doença de Alzheimer é característica da idade avançada, sendo excecional o seu aparecimento antes dos 60 anos. Estima-se que em Portugal existam entre 67 e 90 mil pessoas com Doença de Alzheimer, num universo de 5% da população portuguesa que sofre de demência. Conheça esta doença e os seus principais sintomas.
Doença de Alzheimer, o que é?
É a forma mais comum de demência, representando cerca de 50% a 70% dos casos de demência registados. A doença neuro degenerativa carateriza-se por uma redução no número e tamanho das células cerebrais que deteriora de forma irreversível as funções cognitivas dos doentes. A linguagem, o pensamento, a atenção e a concentração são algumas das funções afetadas pela doença que leva à morte das células cerebrais e ao corte de comunicação dentro do cérebro.
A Doença de Alzheimer mais comum é a esporádica, não estando relacionada com a prevalência na família, mas um número reduzido de doentes apresenta um tipo de Doença de Alzheimer familiar, que acontece associada a uma mutação genética de um dos pais.
Causas:
Não existem causas conhecidas para esta doença. A investigação não oferece ainda respostas para perceber o aparecimento da doença, mas a idade (acima de 65 anos) está associada a grande número dos casos de Doença de Alzheimer esporádica.
A exceção diz respeito ao tipo da Doença de Alzheimer familiar que tem origem pela existência de um progenitor que apresente uma mutação dos genes.
Fatores de risco:
“O principal fator de risco é a idade, embora ter um familiar próximo com Doença de Alzheimer aumente a possibilidade de se ter a doença”, explica o especialista em Psiquiatria Geriátrica. “Existem ainda outros fatores genéticos mais específicos, como mutações em genes, além de fatores de risco cardiovasculares, como a diabetes.”
Sintomas:
- Alteração da memória: Geralmente, as famílias começam a notar que os doentes têm dificuldade em recordar eventos ou informação recentes. A memória para acontecimentos ou factos mais distantes está tipicamente conservada nas fases iniciais da doença;
- Perturbações da linguagem: Os doentes têm dificuldade em encontrar palavras em alguns contextos, dá-se a redução do vocabulário e, em fases mais avançadas, existe um empobrecimento do conteúdo do discurso;
- Dificuldade em executar tarefas motoras: Em estados mais avançados da doença, impede os doentes de executarem tarefas simples como vestirem-se, alimentarem-se ou pentearem-se;
- Alterações neuropsiquiátricas;
- Alterações de personalidade e sintomas comportamentais: Pessoas que eram calmas ficam hostis e agressivas, e outros doentes tornam-se muito passivos. O não reconhecimento dos sintomas ou das próprias limitações, tentando arranjar argumentos e desculpas para tudo;
- Dificuldade em realizar tarefas complexas como pagar contas e lidar com o dinheiro;
- Sintomas psicóticos e depressivos;
- Desorientação em locais conhecidos.
Complicações:
“Infelizmente a Doença de Alzheimer progride inexoravelmente, embora o número de sintomas e a velocidade a que estes progridem varie de pessoa para pessoa”, afirma Ricardo Coentre, médico psiquiatra do Hospital Lusíadas de Lisboa.
Em alguns casos, a doença grave ocorre nos cinco anos após o diagnóstico. Noutros, o processo pode demorar mais de dez anos. O tempo médio de sobrevivência após o diagnóstico varia entre três e oito anos. “A maioria das pessoas com Doença de Alzheimer não morre da doença em si”, diz o médico, “mas de doenças secundárias como infeções respiratórias, infeções urinárias ou complicações de uma queda”.
Diagnóstico:
Uma avaliação clínica, suportada pela observação e por exames físicos, laboratoriais e neurológicos, permite o diagnóstico da doença. Um diagnóstico atempado facilita a despistagem de outras doenças raras potenciais.
Tratamento e acompanhamento:
A Doença de Alzheimer não tem cura, mas existem terapêuticas que permitem reduzir a velocidade da evolução da doença e melhorar a qualidade de vida do doente.
- Medicamentos antidemenciais: Visam reduzir a velocidade da progressão da doença e ainda têm efeitos ao nível dos sintomas neuropsiquiátricos da doença;
- Terapêutica sintomática com outros fármacos: Visam o tratamento dos sintomas psiquiátricos como a depressão, alterações do sono ou sintomas psicóticos;
- Tratamento dos fatores de risco cardiovasculares, quando existem;
- Reabilitação cognitiva: Uma abordagem, sobretudo em fase precoce da doença, através de exercícios que visam exercitar a memória, a atenção e outras funções cognitivas;
- Exercício físico: Pretende a otimização do estado físico com impacto na própria doença e a redução do risco de quedas;
- Segurança da pessoa: É fundamental garantir a segurança, porque muitos dos doentes não reconhecem os seus sintomas e limitações e tentam manter as suas atividades do dia-a-dia. Além disso, é importante desenvolver um plano para monitorização da toma dos fármacos. As caixas de medicamentos antigas devem ser afastadas do alcance dos doentes para não haver confusões e a toma da medicação deve ser supervisionada. Conduzir e cozinhar pode tornar-se perigoso e devem ser eliminados obstáculos como fios elétricos soltos, tapetes escorregadios e outros, de forma a reduzir quedas e acidentes em casa.
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